Jornal 3

Editorial

Partilhamos uma ideia de pedagogia enquanto forma fluida, uma prática crítica em constante transformação. Com carácter polissémico, ela deverá acontecer nos espaços recetivos ao processo de tentativa e erro, onde os vários interlocutores se poderão relacionar sem uma hierarquia específica e com liberdade, envolvendo-se num processo de emancipação, tanto ao nível individual quanto social e coletivo.

No terceiro número do Jornal, if it walks like a duck and it talks like a duck, it’s a duck, editado sob o temaPedagogias enquanto forma e prática artística, apresentamos diferentes ensaios e experiências que relacionam formas de publicar com práticas pedagógicas críticas e experimentais, como o projecto editorial convidado Coexistências mínimas: Algumas ferramentas-jogo para atletas da relação com autoria e investigação de Samuel Silva e design gráfico de José Peneda. Neste objeto destacável, desenhado para promover estratégias pedagógicas de aproximação à obra de arte, ensaiam-se possibilidades de “reconquistar o espaço de intuição espontânea” entre “pessoas e objetos expositivos”. 

         Desafiámos ainda a designer, editora e professora universitária Sofia Gonçalves a refletir sobre o tema.  No texto O enunciado como o ponto cego da pedagogia, Gonçalves partilha connosco o processo de conceção e implementação do exercício Currículo Imaginado. Solicita-se um plano de estudos de design de comunicação alternativo, idealizado pelos seus estudantes, subvertendo a hierarquia de ensino /aprendizagem entre professora e estudantes. Este exercício culmina num projeto editorial coletivo que poderemos identificar como um objeto de crítica institucional.

A artista e aluna do Mestrado em Artes Plásticas, Maria Miguel von Hafe é a autora das páginas centrais do jornal. Mulheres com as Mãos ao Alto é um objeto artístico que responde ao tema editorial, apresentando-se como resultado de uma prática artística que, nas palavras da artista, se “utiliza da associação livre para se ir desvelando”, refletindo sobre o sujeito-mulher, que se move aqui numa dupla posição entre opressão e sobrevivência.

Entre as propostas recebidas a comissão científica selecionou um texto por revisão cega, Um conjunto de ações e situações de aprendizagem na comunidade de Itatiaia – Minas Gerais, Brasil, de Bárbara Bija, artista gráfica e mestra em artes pela UFMG.

O próximo número do jornal it’s a duck, será editado por Catarina Leitão e pretende interrogar fronteiras disciplinares para convocar diálogos entre as artes plásticas e as artes do texto, das suas diversas materialidades e cruzamentos, da visualidade e da experiência háptica da leitura. Convidamos à apresentação de projetos artísticos ou editoriais relacionados com o tema; assim como descrições de obras que reflitam sobre as tensões e possibilidades da relação entre significante e significado, forma e matéria. 

Esperamos por vós e pela vossa leitura!

Susana Gaudêncio

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